A parteira e o djim

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

A árvore da palavra


Além das audiocontações também estamos preparando uma publicação com textos coletados em viagens, traduzidos de outros livros e páginas da internet, para aumentar o acervo dos afrocontadores e interessados no tema. Inauguramos essa seção com uma bela história que muito nos inspirou na criação do Festival HADITHI NJOO.

Tirada do livro homônimo editado pela ONG espanhola Intervida, textos de Meritxell Seuba, ilustrações de Sara Ruano e tradução Beatriz Vega.


Dizem que num país muito distante, num vale precioso, havia um povoado rodeado de bosques e que, igual a todo lugarejo, havia uma praça.

Dizem também que no centro dessa praça havia uma árvore enorme que todos conheciam como a árvore da palavra.

Contam que as crianças do povoado, no trajeto diário pela praça para ir à escola, perguntavam qual a origem de tal nome. Perguntaram então à professora mas ela não pode responder pois a árvore já estava ali antes dela nascer.

Tinham tanta curiosidade os pequenos que um dia a professora sugeriu que eles indagassem seus pais e suas mães, seus avôs e suas avós, todos aqueles que talvez pudessem conhecer a procedência de um nome tão estranho para uma árvore.

Todas as crianças se entusiasmaram bastante com a ideia porque, como se sabe, todas as crianças do mundo adoram fazer investigações.

Imaginem só a surpresa delas quando descobriram que nem seus pais e nem suas mães, nem seus avôs e nem suas avós, ninguém no povoado podia dar informações precisas sobre aquela dúvida pois também haviam nascido depois da árvore.

Comentam que um dia, um dos anciãos do lugar se sentou debaixo da árvore buscando vestígios para esclarecer o mistério do nome. Não encontrou nada mas notou que ao seu redor foram sentando outras pessoas que nem se conheciam, que nem sabiam como se chamavam e que começaram a conversar umas com as outras, contando mil coisas.

A partir de então, quando uma pessoa precisava que alguém lhe escutasse, se dirigia ao centro da praça porque sabia que sempre encontraria debaixo da árvore algum vizinho ou vizinha com quem falar.

Pouco a pouco, o tempo passou e deixaram de se perguntar a razão do nome pois descobriram que à sombra da árvore podiam conversar, ser ouvidos e compartilhar tudo aquilo que preocupava.

Contam também, que ao saber da notícia todas as comunidades da região plantaram uma árvore no centro de suas praças e que, desde esse momento, em todo o vale e em todos os povoados existe um lugar onde as pessoas se reunem para DIALOGAR.

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