Além das audiocontações também estamos preparando uma publicação com textos coletados em viagens, traduzidos de outros livros e páginas da internet, para aumentar o acervo dos afrocontadores e interessados no tema. Inauguramos essa seção com uma bela história que muito nos inspirou na criação do Festival HADITHI NJOO.
Tirada do livro homônimo editado pela ONG espanhola Intervida, textos de Meritxell Seuba, ilustrações de Sara Ruano e tradução Beatriz Vega.
Dizem
que num país muito distante, num vale precioso, havia um povoado
rodeado de bosques e que, igual a todo lugarejo, havia uma praça.
Dizem
também que no centro dessa praça havia uma árvore enorme que todos
conheciam como a árvore da palavra.
Contam
que as crianças do povoado, no trajeto diário pela praça para ir à
escola, perguntavam qual a origem de tal nome. Perguntaram então à
professora mas ela não pode responder pois a árvore já estava ali
antes dela nascer.
Tinham
tanta curiosidade os pequenos que um dia a professora sugeriu que
eles indagassem seus pais e suas mães, seus avôs e suas avós,
todos aqueles que talvez pudessem conhecer a procedência de um nome
tão estranho para uma árvore.
Todas
as crianças se entusiasmaram bastante com a ideia porque, como se
sabe, todas as crianças do mundo adoram fazer investigações.
Imaginem
só a surpresa delas quando descobriram que nem seus pais e nem suas
mães, nem seus avôs e nem suas avós, ninguém no povoado podia dar
informações precisas sobre aquela dúvida pois também haviam
nascido depois da árvore.
Comentam
que um dia, um dos anciãos do lugar se sentou debaixo da árvore
buscando vestígios para esclarecer o mistério do nome. Não
encontrou nada mas notou que ao seu redor foram sentando outras
pessoas que nem se conheciam, que nem sabiam como se chamavam e que
começaram a conversar umas com as outras, contando mil coisas.
A
partir de então, quando uma pessoa precisava que alguém lhe
escutasse, se dirigia ao centro da praça porque sabia que sempre
encontraria debaixo da árvore algum vizinho ou vizinha com quem
falar.
Pouco
a pouco, o tempo passou e deixaram de se perguntar a razão do nome
pois descobriram que à sombra da árvore podiam conversar, ser
ouvidos e compartilhar tudo aquilo que preocupava.
Contam
também, que ao saber da notícia todas as comunidades da região
plantaram uma árvore no centro de suas praças e que, desde esse
momento, em todo o vale e em todos os povoados existe um lugar onde
as pessoas se reunem para DIALOGAR.
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