A parteira e o djim

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

E agora também em movimento

Certamente já estamos imaginando a segunda edição do evento realizado em agosto deste ano numa exitosa parceria do Ilú Obá De Min Educação, Cultura e Arte Negra e do Projeto OFICINATIVA, provavelmente no mesmo período para já estabelecer a tradição. Mas também queremos expandir a proposta do festival para outros locais, outras oportunidades e outras datas. Assim, estaremos lançando nos primeiros dias de 2013 o Festival HADITHI NJOO em movimento, com o qual pretendemos experimentar novos formatos, novas organizações, novas histórias.


Na proposta em movimento, podemos realizar a ideia inteira ou fragmentá-la e adaptá-la às possibilidades de quem a solicita. Disponibilizamos intervenções (as afrocontações em si), exposições (livros, revistas, fotos, adereços), audio + videocontações, nossas publicações, oficinas (bonecas, ilustração, criação musical, criação literária, formação de contadores, capacitação para educadores), além de oferecer assessoria para a formatação de projetos criativos.

Mais informações, favor contatar Odé Amorim, um dos idealizadores do festival, pelo e-mail projetooficinativa@hotmail.com.

Vale antecipar - sem revelar o segredo - que já temos em mente algumas edições descentralizadas e, quem sabe até, 2 ações internacionais.

A árvore da palavra


Além das audiocontações também estamos preparando uma publicação com textos coletados em viagens, traduzidos de outros livros e páginas da internet, para aumentar o acervo dos afrocontadores e interessados no tema. Inauguramos essa seção com uma bela história que muito nos inspirou na criação do Festival HADITHI NJOO.

Tirada do livro homônimo editado pela ONG espanhola Intervida, textos de Meritxell Seuba, ilustrações de Sara Ruano e tradução Beatriz Vega.


Dizem que num país muito distante, num vale precioso, havia um povoado rodeado de bosques e que, igual a todo lugarejo, havia uma praça.

Dizem também que no centro dessa praça havia uma árvore enorme que todos conheciam como a árvore da palavra.

Contam que as crianças do povoado, no trajeto diário pela praça para ir à escola, perguntavam qual a origem de tal nome. Perguntaram então à professora mas ela não pode responder pois a árvore já estava ali antes dela nascer.

Tinham tanta curiosidade os pequenos que um dia a professora sugeriu que eles indagassem seus pais e suas mães, seus avôs e suas avós, todos aqueles que talvez pudessem conhecer a procedência de um nome tão estranho para uma árvore.

Todas as crianças se entusiasmaram bastante com a ideia porque, como se sabe, todas as crianças do mundo adoram fazer investigações.

Imaginem só a surpresa delas quando descobriram que nem seus pais e nem suas mães, nem seus avôs e nem suas avós, ninguém no povoado podia dar informações precisas sobre aquela dúvida pois também haviam nascido depois da árvore.

Comentam que um dia, um dos anciãos do lugar se sentou debaixo da árvore buscando vestígios para esclarecer o mistério do nome. Não encontrou nada mas notou que ao seu redor foram sentando outras pessoas que nem se conheciam, que nem sabiam como se chamavam e que começaram a conversar umas com as outras, contando mil coisas.

A partir de então, quando uma pessoa precisava que alguém lhe escutasse, se dirigia ao centro da praça porque sabia que sempre encontraria debaixo da árvore algum vizinho ou vizinha com quem falar.

Pouco a pouco, o tempo passou e deixaram de se perguntar a razão do nome pois descobriram que à sombra da árvore podiam conversar, ser ouvidos e compartilhar tudo aquilo que preocupava.

Contam também, que ao saber da notícia todas as comunidades da região plantaram uma árvore no centro de suas praças e que, desde esse momento, em todo o vale e em todos os povoados existe um lugar onde as pessoas se reunem para DIALOGAR.

A parteira e o djim

Primeiro áudio da série de afrocontações HADITHI NJOO, realizado em novembro último por Odé Amorim"A parteira e o djim" do livro Histórias da Avó - Histórias de deuses e heróis de várias culturas. Burleigh Mutén, Editora Paulinas.

obs.: conto de origem senegalesa; djim é um gênio, uma espécie de espírito que rege o destino de alguém ou de algum lugar, dentro das culturas árabes; membro de uma raça de criaturas sobrenaturais.


sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Mais contações no AFRO DIA DA CRIANÇA

E que venham as histórias mais uma vez. Agora dentro do projeto Tenda Afro Lúdica do Ponto de Cultura Ilú Ònà Caminhos do Tambor, nesta sexta 12 de outubro de 2012.


Além de várias atividades (chegança, pinturas corporais do povo L'Omo - Quênia, confecção de bonecas, mediação de leitura, cineclube, musicalização / confecção de instrumentos, danças afrobrasileiras, criação de figutino, jogos da memória, trilha, caça palavra, 5 Marias, Mancala, quebra cabeça, caderno afetivo, Baobá dos sonhos, etc), teremos a presença de alguns contadores que participaram da primeira edição do HADITHI NJOO. Já confirmadas estão Dorotilde de Paula e Fabi Menassi.

A Tenda Afro Lúdica especial Dia das Crianças ocorre na sede do Ilú Obá de Min Educação Cultura e Arte Negra, a partir das 14 horas. Alameda Eduardo Prado, 342, Campos Elísios, São Paulo. Informações 3222 5566.

Abaixo segue a videocontação, que é executada ao vivo com música, "Por que os cães se cheiram uns aos outros".


domingo, 30 de setembro de 2012

E o 3º dia de afrocontações...

Enfim, conseguimos editar o material em vídeo do domingo dia 26 de agosto, encerramento de um encontro mágico que trouxe  a tona a diversidade e a pluralidade desse segmento artístico, hoje resgatado e bastante em voga. Com essa publicação, apenas ratificamos nosso imenso desejo de seguir ativos na coleta e difusão de afrohistórias e na valorização de nosso povo. 


E já começamos a pensar nos desdobramentos possíveis até a chegada da segunda edição do HADITHI NJOO, em 2013. Certamente inventaremos uma porção de ações até lá...

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Fotolivro do festival 2012

Ainda em processo de edição dos tantos registros coletados em 3 dias de HADITHI NJOO em agosto último, hoje temos o prazer de apresentar um fotolivro com diversas imagens do belo e memorável fim de semana. Publicação livre para tod@s baixarem e guardarem.

Acesse o material no endereço http://www.4shared.com/file/VbKKMkCm/Fotolivro_HADITHI_NJOO_ago_201.html?.


domingo, 2 de setembro de 2012

Tradições em stop motion

Um dos diferenciais do HADITHI NJOO foi a abertura de espaço para que as contações pudessem ser enviadas nos formatos vídeo e áudio, principalmente para aqueles que estivessem longe de São Paulo.

Apesar de estar na mesma cidade, um dos primeiros trabalhos inscritos no festival foi o da professora de História e orientadora da Sala de Leitura da prefeitura local Maísa, que em 2010 desenvolveu um projeto intitulado Histórias e histórias da nossa africanidade. O resultado foi um curta de animação stop motion chamado O Baú de Histórias. Com ele, os jovens realizadores da EMEF do CEU Vila Atlântica ganharam o 1° Festival de Vídeo na Escola (organizado pelo Coletivo Nossa Tela).

Confira a obra abaixo.


Mais e mais fotos

Direto das lentes da câmera do Ilú Obá De Min, organização social que nos acolhe nesses 3 dias de HADITHI NJOO 2012 - isso quer dizer que já estamos pensando na edição 2013 - um montão de outros cliques / registros já postados em sua página no facebook. Alguns nem se deram conta...





Material para descarregar e usar livremente na divulgação e na expansão da ideia.

O 2° dia de festival...


E segue aí a segunda edição de imagens captadas no sábado dia 25 de agosto. Duas vivências bem bacanas com Dora (bonecas negras) e Fabi (ilustrações e personagens afro), documentário sobre a Pedagogia Griô, feirinha, exposição de AfroGraffitiS e materiais da Casa África e, claro, as contações. Grande AXÉ e AfroAbraços aos artistas contadores:

  • Coletivo Agbalá (Estela e Giselda);
  • Edmilson Ávila - Levando Histórias;
  • Brunna Alline e Fabi Menassi;
  • Marina Costa;
  • Débora Kikuti;
  • Ricardo Costa;
  • Grupo Racaui (Monahyr, Raquel e Cauê).

E a tod@s que estiveram presentes apoiando a iniciativa.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Hadithi Njoo em imagens...

Agora sim vamos começar a mostrar tudo o que aconteceu nos 3 maravilhosos dias de Educação, Cultura e Arte que tivemos na sede do Ilú Obá de Min durante o fim de semana de 24 a 26 de agosto. Era a primeira edição do HADITHI NJOO e muita gente estava lá para conferir essa coisa de AfroContação de Histórias...



Acima postamos a edição da sexta dia 24, quando iniciamos o encontro. Presenças de Cidinha da Silva, de Kiusam de Oliveira e de Júlio e Débora D'Zambê na roda de conversas - e de histórias e música! - e uma apresentação especial da Tenda Afro Lúdica, projeto especial do Ponto de Cultura Ilú Ònà Caminhos do Tambor

E a criançada, como sempre, dando seu espetáculo a parte. 


AXÉ!

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Malas Portam

 

Espetáculo de narração de histórias: Passando Histórias da África
Sinopse
Após uma longa viagem pelo continente africano, três viajantes chegam ao encontro do público reunido e retiram de dentro da Mala Invisível, quatro lindas histórias.
Todas as histórias serão contadas ao som do instrumento africano Djembé, a primeira história “Aguemom” conta o mito da criação do mundo e da raça negra segundo o povo Iorubá. Em seguida a fábula de “Krokô e Galinhola”, uma divertida história na qual para não ser comida a galinha d’angola inventa que são irmãos. Para completar a criação do universo, a lenda “Mahura - a filha da terra” explicará como as estrelas, o sol e a lua apareceram no universo. E a última história “O baú das histórias” contará como todas as histórias se espalharam pelos quatro cantos do mundo para chegar ao encontro de todos.

Casa África de España presente no Hadithi Njoo

Resultado de uma conexão recente, dentro do ENLACES SOLIDÁRIOS (programa de intercâmbios interculturais) desenvolvido pelo Projeto OFICINATIVA, temos a felicidade de apresentar nesta primeira edição do Festival HADITHI NJOO uma exposição de material cedidos pela Casa África, organização internacional localizada em Las Palmas de Gran Canaria, Espanha.


Por sua proximidade com o continente africano, a missão da Casa África espanhola é fomentar as relações e contribuir para que os 2 continentes se conheçam mutuamente. Como instrumento da diplomacia pública, foi fundada em 26 de junho de 2006 e está atualmente integrada ao Ministério de Assuntos Exteriores e Cooperação, à Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento e ao Governo de Gran Canaria.

Essa exposição também marca o interesse da instituição em conhecer e acompanhar outras ações relacionadas a afrodescendência em diferentes países. Em nosso caso, o material doado será parte do acervo do projeto AfroEscola.


Também estaremos apresentando alguns vídeos de contadores africanos que passam frequentemente pelo espaço da Casa África e que compartilham seus saberes através de contações e oficinas.

Mais informações podem ser obtidas na página institucional www.casafrica.es.


obs.: agradecimentos especiais a Lidia Rodríguez, responsável pela Mediateca, que nos atendeu de maneira muito carinhosa.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Hadithi Njoo - Lá vamos nós!!

I Hadithi Njoo chegando...

 E já estamos a poucos dias do início de nosso idealizado Festival de AfroContação de Histórias. Muito gente fazendo contato e interessada na proposta. De verdade, estamos muito, muito agradecidos pela receptividade e esperamos que os dias de atividade sejam extremamente proveitosos para tod@s.



A seguir, deixamos a programação dos dias 24, 25 e 26 de agosto de 2012. Faltam confirmar alguns detalhes e presenças mas boa parte do conteúdo já está organizado. Agora é só espalhar a notícia!!!

Dia 24, sexta-feira, das 19 às 22 horas
  • Abertura da exposição fotográfica "Orixás", de Henrique Pellerin, e da mostra de materiais doados pela instituição espanhola Casa África, localizada em Las Palmas de Gran Canária, 19 horas
  • Roda de Conversa com Cidinha da Silva, Kiusam de Oliveira e Júlio D'Zambê, 19h30
  • Contação "A Criação do Mundo", adaptada por Roberta Viana da obra "Seis pequenos contos africanos sobre a criação do mundo", 21 horas
  • Coquetel com frutas, 21h30

Dia 25, sábado, das 14 às 20 horas
  • Exposição fotográfica "Orixás" e materiais da Casa África, todo o dia
  • Lançamento do livrozine "Hadithi Njoo 1", produção Odé Amorim, 14 horas
  • Documentário "Pedagogia Griô", 15 horas
  • Oficina de ilustração e criação de personagens afro, com Fabi Menassi, 16 horas
  • Apresentações, a partir das 17 horas

- Agbalá Conta
- Edmilson Ávila (Levando Histórias)

- Grupo Racaui 
- Marina Costa (Sapulo Liangue)

- Fabi Menassi e Alline Schilink

- Débora Kikuti
- vídeos de contadores africanos cedidos pela Casa África




Dia 26, domingo, das 11 às 18 horas
  • Exposição fotográfica "Orixás" e materiais da Casa África, todo o dia
  • Lançamento do áudiozine "Hadithi Njoo 1", produção Odé Amorim, 11 horas
  • Documentário "Visões Quilombolas", de KOINONIA Presença Ecumênica e Serviço, 12 horas
  • Oficina de afrohistórias coletivas, com Odé Amorim, 13 horas
  • Apresentações, a partir das 14 horas

- MarEu Souza
- Cia Malas Portam
- Lili Flor
- O Desdobrar das Histórias
- Regina Claudia da Silva

- Maurício Luandê
- Kemla Baptista
- vídeos de contadores africanos cedidos pela Casa África

  • Cortejo de encerramento, às 17 horas

E também vai ter uma feirinha com materiais temáticos durante todo o festival.

Local:
Ilú Oba De Min Educação Cultura e Arte
Ponto de Cultura Ilú Ònà Caminhos do Tambor
Alameda Eduardo Prado, 342
Campos Elísios, São Paulo, SP
telefone: 11 3222 5566 begin_of_the_skype_highlighting            11 3222 5566      end_of_the_skype_highlighting ( a partir das 15 horas)

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Confirmada a presença de Julio D'Zambê



Confirmada a participação na Roda de Conversa do Festival Hadithi Njoo, no dia 24/06 de Julio D'Zambê, pesquisador de cultura popular, professor, escritor, ilustrador, contador de histórias e criador do projeto SANSAKROMA, compartilhará sua trajetória como escritor e a formação da dupla de contadores de história Julio e Debora D'Zambê.
Conheça mais sobre o projeto SANSAKROMA: http://www.sansakroma.com/207912.html

domingo, 12 de agosto de 2012

Sugestão de Leitura




O MAR DE MANU (conto para crianças)

O mar de Manu, terceiro livro para todas as idades, de Cidinha da Silva, é um conto pleno de poesia e imagens. São pequenas histórias de sabedoria narradas no fluxo de um dia e uma noite vividos por Manu. A gente de Minas Gerais, assim como Manu, menino oriundo de algum lugar entre o Mali, o Níger e o Burkina Faso, precisa inventar o mar. As características geográficas desses lugares levam seus moradores a produzir metáforas sem água para representar o infinito. É o que faz Manu, personagem que aprendeu a sonhar com a mãe. Cidinha da Silva, desta feita em um texto curto, prossegue no caminho da escritura em linguagem simples e direta que dialoga com as instâncias mais sensíveis do leitor. O mar de Manu é a primeira publicação da Kuanza Produções, uma editora dedicada à formação do leitor literário e à ampliação do espaço editorial para as africanidades no Brasil.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Cronograma do Festival



Dia 24, sexta-feira, das 19 às 22 horas

Abertura oficial
Roda de Conversa com convidados especiais: Cidinha da Silva, Kiusam Oliveira
Apresentação da Contação de História: A Criação do Mundo - Adaptação do Seis Pequenos Contos Africanos sobre a Criação do Mundo e do Homem de Raul Lody por  Roberta Viana


Dia 25, sábado, das 14 às 20 horas

Conversas / debates abertos;
Vivências;Feira expositiva; Contações presenciais e audiovisuais.


Dia 26, domingo, das 11 às 18 horas

Vivências;
Feira expositiva; Contações presenciais e audiovisuais.

Omo-Oba: Histórias de Princesas


RECOMENDADO PELA FUNDAÇÃO NACIONAL DO LIVRO INFANTIL E JUVENIL (FNLIJ) E PRESENTE NA FEIRA INTERNACIONAL DO LIVRO EM BOLOGNA, ITÁLIA. ESCOLHIDO PELO PNBE PARA ESTAR NAS ESCOLAS PÚBLICAS EM 2011.

Omo-Oba: Histórias de Princesas. Mazza Edições, 2009. Ilustrações de Josias Marinho.

É um livro que privilegia o recontar de mitos africanos, muito divulgados nas comunidades de tradição ketu, pouco conhecidos pelo público em geral e que reforçam os diferentes modos de ser femininos. Os seis mitos apresentados têm o objetivo de fortalecer a personalidade de meninas de todos os tempos.

Confirmada a participação de Kiusam Oliveira na roda de conversa

Confirmada a participação de educadora, escritora e bailarina Kiusam Oliveira na roda de conversa de abertura do Festival, dia 24 das 20 às 22h. Kiusam Oliveira é autora do livro "Omo-Oba: Histórias de Princesas", da Mazza Edições, 2009, ilustrado por Josias Marinho. Ela escreve partindo de sua história de vida, enraizada nas tramas sócioculturais deste país, apesar do racismo e do preconceito. Ela estará conosco contando o seu processo de criação literária e de contação de história.


Acesse sua página na internet e saiba mais sobre seus trabalhos
http://kiusam.com.br/

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Os Reizinhos do Congo

Os Reizinhos do Congo

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Sugestão de Leitura

Ynari é uma menina com cinco tranças e muita vontade de conhecer as palavras do mundo. Certa manhã, passeando perto do rio, Ynari encontra um homem pequenino, de uma aldeia distante da sua, onde vivem muitos seres pequenos por fora e grandes por dentro, cada um com um dom mágico. Lá existe o velho muito velho que inventa as palavras e a velha muito velha que destrói as palavras.
Nessa sua jornada, Ynari também acaba descobrindo que a guerra faz parte do mundo: cinco aldeias da região estão lutando, cada qual por não ter algo que as outras aldeias possuem. Com a ajuda de suas cinco tranças, a menina vai dar aos povos as palavras que enfim lhes faltavam, mostrando que as crianças, com muita magia e ternura, podem mudar as aldeias e as ideias e acabar com todas as guerras.
Mas Ynari também tem muito a aprender com essa aventura, como um novo sentido, cheio de magia, para uma palavra antiga: amizade. Em Ynari, a menina das cinco tranças, Ondjaki usa seu talento de poeta e a oralidade do português angolano para falar às crianças sobre as duras marcas que os quase trinta anos de guerra civil deixaram em seu país. Alguns termos típicos da cultura africana são esclarecidos em um glossário ao final do livro.

Confirmada a presença da escritora Cidinha da Silva


Para a abertura do Festival no dia 24 das 20 às 22h, já temos confirmada a participação da escritora Cidinha da Silva na Roda de Conversa. Cidinha estará conosco discutindo o seu processo criativo, as formas como cria e constrói suas histórias.


Abaixo algumas informações sobre seus livros recentes que "contam histórias" afro-brasieliras e africanas.
Sobre Os nove pentes d'África
Por Chico César
 "Cidinha da Silva é uma amiga minha que escreve como quem trança ou destrança cabelos e nos presenteia com pentes presentes cheios de passado que nos ajudam a destrinçar o futuro. Seus pentes são pontes de compreensão entre o que somos nós negros brasileiros agora, nossos avós recentes e os tais ancestrais africanos. E pontes entre nós e nossos filhos e sobrinhos, os que vêm depois de nós. Compreensão aqui que eu digo é aquele entendimento afetuoso, apaixonado até e cheio de compaixão no sentido de gratidão pelo que se é. Pelo que nós somos: família, solidariedade e contradição na difícil tarefa de encontrarmos, cada um, nosso papel de levar adiante a história coletiva e ao mesmo tempo afirmar o traço intransferivelmente pessoal do indivíduo. Estar com a mãe e nascer, ser da famíla e ir embora, constituir a sua própria (que ainda é a mesma). É aí que mora o penteado: saber qual é o pente que te penteia. Para os mais jovens, a quem se destina a princípio este livro, mas também para os nem tão jovens assim são generosas as pistas sopradas ao nosso ouvido por essa contadora de história. Escutadora atenta, agora vem a griot nos atentar doce e profundamente. Vem aqui nos alentar deschavando nós e nos ajudando a achar laços nesse desconchavado mundo. Vem reforçar nossas ligações básicas, comunitárias, domésticas. É tão certeiro e tão bem-vindo esse livro que lê-lo me encheu de orgulho e admiração. Pelo tema e pela forma. Sei que os próximos leitores de "Pentes" sentir-se-ão gratos a Cidinha da Silva, como eu". (Chico César, compositor).


 Sobre  O Mar de Manu
 O mar de Manu, terceiro livro para todas as idades, de Cidinha da Silva, é um conto pleno de poesia e imagens. São pequenas histórias de sabedoria narradas no fluxo de um dia e uma noite vividos por Manu. A gente de Minas Gerais, assim como Manu, menino oriundo de algum lugar entre o Mali, o Níger e o Burkina Faso, precisa inventar o mar. As características geográficas desses lugares levam seus moradores a produzir metáforas sem água para representar o infinito. É o que faz Manu, personagem que aprendeu a sonhar com a mãe. Cidinha da Silva, desta feita em um texto curto, prossegue no caminho da escritura em linguagem simples e direta que dialoga com as instâncias mais sensíveis do leitor. O mar de Manu é a primeira publicação da Kuanza Produções, uma editora dedicada à formação do leitor literário e à ampliação do espaço editorial para as africanidades no Brasil.
Sobre Kuami
Por Tania Macedo
Cidinha da Silva mergulha na prosa mais uma vez e traz uma história que nos encharca de poesia ao nos contar sobre o Sereal, “reino das sereias, próximo à pororoca, onde se misturam olhos apascentados pelo rio e outros famintos de mar”. Cheio de imaginação, musicalidade, situações engraçadas e a segurança de quem sabe onde vai chegar, este novo livro da autora é um presente à inteligência dos leitores. A história nos fala sobre os amigos Kuami, um elefantinho, e Janaína, uma pequena sereia, que percorrem águas, florestas e também os céus, vivendo numerosas aventuras, na procura por Dara, a mãe de Kuami, aprisionada por fazendeiros. No caminho de sua busca, acabam ensinando muitas coisas a seus leitores, entre as quais o valor da amizade, a força da perserverança e também o amor que pode vencer muitas barreiras. Mas isso não quer dizer que se trata de uma estória carrancuda ou cheia de “lições de moral”. Não! Pelo contrário, cortada todo o tempo por um humor refinado, que cria situações engraçadas mesmo nos momentos de maior tensão, a história flui e acompanhamos com crescente interesse a procura da mãe do pequeno, mas destemido e amoroso elefantinho.Trata-se, assim, de uma narrativa que será lida com prazer tanto por gente grande como pelos pequeninos, pois se a fantasia e o suspense, sem dúvida, cativarão os jovens leitores e farão com que leiam a história quase sem parar, os adultos encontrarão uma prosa bem elaborada que os deliciará com os achados de linguagem, com a ironia e a sólida construção de personagens. Ao tecer os fios do maravilhoso - tingidos de africanidade -, com os traços de uma realidade brasileira geralmente deixada à margem, Cidinha da Silva, neste seu livro, nos leva também à reflexão sobre um Brasil que todos precisamos conhecer. É assim que a música negra brasileira – inclusive o funk de periferia que faz até elefantes voarem -, a nossa paisagem e os saberes tradicionais de nossa gente, mas, sobretudo, a dura realidade do que ocorre nos rincões do país, comparecem no texto a partir de uma focalização poética, mas nem por isso menos comprometida. Dessa forma, ganha sentido pleno a última frase de Kuami: “vale a pena iluminar a vida.” Acrescentaríamos que, por tudo isso, “vale a pena ler Cidinha da Silva”. Tania Macedo – Professora de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa – USP.


 Para conhecer mais a escritora: Blog da Cidinha
 http://cidinhadasilva.blogspot.com.br/
O Ilú Obá de Min Educação, Cultura e Arte Negra / Ponto de Cultura Ilú Ònà Caminhos do Tambor e o Projeto OFICINATIVA tem o orgulho de comunicar que estarão realizando nos dias 24, 25 e 26 de agosto de 2012 a primeira edição do Hadithi Njoo, Festival de AfroContação de Histórias, na cidade de São Paulo.
A iniciativa conjunta deseja valorizar e amplificar a tradição de propagar ensinamentos e entretenimento através da oralidade e do encontro, características que sempre estiveram presentes nas realidades comunitárias africanas e afrobrasileiras. Ao mesmo tempo, tem a pretensão de propor um diálogo contemporâneo entre as antigas e as atuais tecnologias utilizadas para tal prática, apoiando-se em criativas experiências e possibilidades artísticas, pedagógicas e comunicativas.
Para isso convida a todos que apreciam essa linguagem artística a participarem dessa ação inovadora. Entre os dias 17 de junho e 12 de agosto estaremos recebendo trabalhos relacionados ao tema. Além do convencional formato de contação presencial, o festival estará aberto para acolher apresentações em áudio e em vídeo também, já que a convocatória está sendo divulgada em outras localidades do mundo. Como conteúdo valem tanto histórias tradicionais de povos africanos e afrodescendentes, quanto criações personalizadas que diretamente tratem do assunto. Em relação às técnicas de contação, estamos abertos e ansiosos para contatar as mais diversas e originais possíveis. Paralelamente às apresentações durante os 3 dias de atividade de agosto, estaremos organizando conversas, exposições, feira, vivências, etc.

I Hadithi Njoo - Festival Internacional de AfroContação de Histórias