A parteira e o djim

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

E agora também em movimento

Certamente já estamos imaginando a segunda edição do evento realizado em agosto deste ano numa exitosa parceria do Ilú Obá De Min Educação, Cultura e Arte Negra e do Projeto OFICINATIVA, provavelmente no mesmo período para já estabelecer a tradição. Mas também queremos expandir a proposta do festival para outros locais, outras oportunidades e outras datas. Assim, estaremos lançando nos primeiros dias de 2013 o Festival HADITHI NJOO em movimento, com o qual pretendemos experimentar novos formatos, novas organizações, novas histórias.


Na proposta em movimento, podemos realizar a ideia inteira ou fragmentá-la e adaptá-la às possibilidades de quem a solicita. Disponibilizamos intervenções (as afrocontações em si), exposições (livros, revistas, fotos, adereços), audio + videocontações, nossas publicações, oficinas (bonecas, ilustração, criação musical, criação literária, formação de contadores, capacitação para educadores), além de oferecer assessoria para a formatação de projetos criativos.

Mais informações, favor contatar Odé Amorim, um dos idealizadores do festival, pelo e-mail projetooficinativa@hotmail.com.

Vale antecipar - sem revelar o segredo - que já temos em mente algumas edições descentralizadas e, quem sabe até, 2 ações internacionais.

A árvore da palavra


Além das audiocontações também estamos preparando uma publicação com textos coletados em viagens, traduzidos de outros livros e páginas da internet, para aumentar o acervo dos afrocontadores e interessados no tema. Inauguramos essa seção com uma bela história que muito nos inspirou na criação do Festival HADITHI NJOO.

Tirada do livro homônimo editado pela ONG espanhola Intervida, textos de Meritxell Seuba, ilustrações de Sara Ruano e tradução Beatriz Vega.


Dizem que num país muito distante, num vale precioso, havia um povoado rodeado de bosques e que, igual a todo lugarejo, havia uma praça.

Dizem também que no centro dessa praça havia uma árvore enorme que todos conheciam como a árvore da palavra.

Contam que as crianças do povoado, no trajeto diário pela praça para ir à escola, perguntavam qual a origem de tal nome. Perguntaram então à professora mas ela não pode responder pois a árvore já estava ali antes dela nascer.

Tinham tanta curiosidade os pequenos que um dia a professora sugeriu que eles indagassem seus pais e suas mães, seus avôs e suas avós, todos aqueles que talvez pudessem conhecer a procedência de um nome tão estranho para uma árvore.

Todas as crianças se entusiasmaram bastante com a ideia porque, como se sabe, todas as crianças do mundo adoram fazer investigações.

Imaginem só a surpresa delas quando descobriram que nem seus pais e nem suas mães, nem seus avôs e nem suas avós, ninguém no povoado podia dar informações precisas sobre aquela dúvida pois também haviam nascido depois da árvore.

Comentam que um dia, um dos anciãos do lugar se sentou debaixo da árvore buscando vestígios para esclarecer o mistério do nome. Não encontrou nada mas notou que ao seu redor foram sentando outras pessoas que nem se conheciam, que nem sabiam como se chamavam e que começaram a conversar umas com as outras, contando mil coisas.

A partir de então, quando uma pessoa precisava que alguém lhe escutasse, se dirigia ao centro da praça porque sabia que sempre encontraria debaixo da árvore algum vizinho ou vizinha com quem falar.

Pouco a pouco, o tempo passou e deixaram de se perguntar a razão do nome pois descobriram que à sombra da árvore podiam conversar, ser ouvidos e compartilhar tudo aquilo que preocupava.

Contam também, que ao saber da notícia todas as comunidades da região plantaram uma árvore no centro de suas praças e que, desde esse momento, em todo o vale e em todos os povoados existe um lugar onde as pessoas se reunem para DIALOGAR.

A parteira e o djim

Primeiro áudio da série de afrocontações HADITHI NJOO, realizado em novembro último por Odé Amorim"A parteira e o djim" do livro Histórias da Avó - Histórias de deuses e heróis de várias culturas. Burleigh Mutén, Editora Paulinas.

obs.: conto de origem senegalesa; djim é um gênio, uma espécie de espírito que rege o destino de alguém ou de algum lugar, dentro das culturas árabes; membro de uma raça de criaturas sobrenaturais.